“Temos prisioneiros de guerra que capturamos em Donetsk, Lugansk. […] Se suspenderem as sanções contra a minha mãe, as minhas filhas, pessoas completamente inocentes, […] então entregaremos essas pessoas”, destacou Kadyrov, segundo a TASS, citada pelo portal de notícias russo anti-Kremlin Meduza, sediado em Riga.
Estas declarações foram feitas durante a visita do escritor norte-americano Scott Ritter à cidade chechena de Grozny.
De acordo com a TASS, Kadyrov mostrou a Ritter, um ex-inspetor de armas da ONU, um vídeo dos soldados ucranianos.
No vídeo era referido que 20 militares voltariam para casa se as sanções fossem levantadas aos familiares, aviões e cavalos de Kadyrov.
A publicação independente Agenstvo apontou que a proposta de Kadyrov foi condenada por alguns “correspondentes de guerra” russos por tentar agir “acima do Estado”.
Os Estados Unidos anunciaram em setembro de 2022 sanções contra o líder checheno Ramzan Kadyrov, aliado próximo do Presidente russo Vladimir Putin, pela participação na invasão da Ucrânia. A Chechénia é uma das 22 repúblicas da Rússia.
A Rússia e a Ucrânia procederam na quarta-feira a uma troca de quase 500 prisioneiros de guerra na sequência de um acordo mediado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU).
As autoridades ucranianas indicaram que 230 prisioneiros ucranianos regressaram a casa, enquanto o Ministério da Defesa da Rússia disse que 248 dos seus militares foram “repatriados dos territórios controlados pelo regime de Kyiv”.
O ministério russo precisou em mensagem na rede social Telegram que o acordo foi possível devido aos esforços de mediação dos Emirados Árabes Unidos, um importante parceiro da Rússia nas áreas humanitária, económica ou energética, e após um “complexo processo de negociação”.
“Mais de 200 dos nossos soldados e civis regressaram do seu cativeiro pelos russos”, anunciou por sua vez o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
Segundo o comissário ucraniano para os direitos humanos, Dmytro Lubinets, exatamente 230 militares ucranianos foram trocados no decurso desta “49ª permuta” entre Kyiv e Moscovo desde o início da invasão militar russa em fevereiro de 2022.
No total, desde 24 de fevereiro de 2022, “regressaram a casa 2.828 defensores [ucranianos]”, afirmou hoje Lubinets.
Segundo os ‘media’ ucranianos, a anterior troca de prisioneiros de guerra ocorreu em agosto passado.
Apesar deste novo acordo, milhares de prisioneiros de guerra ainda permanecem na posse dos dois campos. Nos últimos meses, Moscovo intensificou os processos para infligir pesadas penas a prisioneiros de guerra ucranianos.
A guerra na Ucrânia, lançada pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022 e justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança do seu país, já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
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