“Deputados para defender a banca, deputados para defender os grupos económicos, deputados para defender um certo tipo de patronato, que quer carregar sobre os trabalhadores, para isso já lá há muitos hoje e pelos vistos parece que querem que haja mais no futuro”, destacou o líder do PCP.
Paulo Raimundo foi esta sexta-feira à noite questionado sobre a coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS-PP, durante uma iniciativa com os trabalhadores da SGL Composites, no Barreiro, distrito de Setúbal, e referiu que fazem falta deputados para defender quem “todos os dias trabalha, produz riqueza e põe o país a funcionar”.
“Aquilo que me preocupa (…) é o resultado do PCP e da CDU. Isso é que vai determinar o dia a seguir às eleições. A grande urgência é reforçar o PCP e a CDU, dar-lhe mais força, mais votos e mais deputados, porque são esses deputados que fazem a diferença”, vincou.
Os presidentes do PSD e do CDS-PP vão propor aos órgãos nacionais dos seus partidos uma coligação pré-eleitoral, a Aliança Democrática, para as legislativas de março e as europeias de junho, que incluirá também “personalidades independentes”.
O secretário-geral do PCP defendeu também, durante a iniciativa do Barreiro, a valorização dos trabalhadores por turnos.
Paulo Raimundo lembrou que o PCP apresentou esta quarta-feira um projeto na Assembleia da República sobre o trabalho por turnos, com o objetivo de diminuir ao limite indispensável este tipo de trabalho e também de valorizar estes trabalhadores com “um conjunto de regalias a que têm direito”, lamentando que a proposta tenha sido rejeitada.
“PS e PSD juntaram-se mais uma vez para chumbar esses projetos. Mas não vamos desistir deles, porque são justos”, garantiu.
“Infelizmente, parece que o Governo, mais uma vez, e também o PSD olharam e acharam que não é importante resolver. O que é importante é continuarem obrigar a trabalhar turnos sobre turnos, sete dias por semana, 30 dias por mês, 365 dias por ano (…) sem salvaguardar os direitos dos trabalhadores”, apontou ainda.
O líder do PCP frisou que esta é uma realidade que envolve 1,8 milhões de trabalhadores em Portugal.
Ainda sobre o trabalho em Portugal, Paulo Raimundo destacou que 3 milhões ganham até 1.000 de salário bruto por mês, realçando que o aumento dos salários é “a grande emergência nacional”, a par das pensões.
Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, em 07 de novembro, alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça.
A campanha eleitoral para as legislativas vai decorrer entre 25 de fevereiro e 08 de março.
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