As peruas já estiveram entre os modelos mais populares de carros em um passado não tão distante. Grandes sucessos de vendas, como a Parati, da Volkswagen, produzida até 2012, e o Palio Weekend, da Fiat, ofereciam bom espaço interno para os ocupantes e porta-malas com grande capacidade para levar todas as malas da família. Mas o mercado mudou. Hoje, são os SUVs que dominam o portfólio das montadoras. Embora grandalhões, muitas vezes têm porta-malas menores, mas caíram no gosto do público.
Ainda restam alguns modelos de peruas, ou “station wagons“, como são conhecidas nos Estados Unidos, à venda. Mas são todas versões luxuosas e esportivas que passam longe do carro robusto de família de gerações anteriores. No mercado brasileiro, há pouquíssimas opções disponíveis. Até poucos anos atrás, carros como o Subaru Outback ainda eram oferecidos. Não mais. Um dos poucos remanescentes é o Audi R6 Avant, com valor inicial acima de R$ 1 milhão.
Outra opção, um pouco mais “modesta”, é o Porsche Taycan 4 Cross Turismo, versão off-road do esportivo que custa a partir de R$ 735 mil. Trata-se de um modelo totalmente elétrico, o único do tipo vendido no mercado brasileiro pela Porsche, com autonomia de 308 quilômetros. Apesar do design de perua, mais baixo e com a traseira comprida, tem coração de carro de pista. São 476 cavalos de potência e uma aceleração impressionante, que vai de 0 a 100 km/h em 5,1 segundos (com direito a controle de largada), além de velocidade máxima de 220 km/h. É o tipo de performance que não será posta à prova em uma viagem de final de semana com a família.
Mas há conforto para esse tipo de passeio. O Taycan 4 Cross Turismo tem espaço de sobra para quatro ocupantes. Por ser mais baixo, requer certo cuidado ao entrar. Na frente, há diversas opções de regulagem para o motorista e o passageiro, e a posição de dirigir é muito confortável. Nos dois bancos de trás dá para aproveitar a viagem com amplo espaço para os pés e a cabeça. E o enorme teto solar, cuja opacidade pode ser regulada no painel de instrumentos, amplia ainda mais a sensação de espaço.
Como toda boa perua, tem um porta-malas generoso, de 530 litros, além de mais 83 litros de capacidade em um pequeno vão na frente, que comporta uma mochila – ou o pesado carregador. Apesar do volume, no entanto, o gigantesco estepe ocupa bastante do espaço interno, o que prejudica na hora de colocar as malas da família. Mesmo assim, é fácil colocar mochilas e sacolas, o suficiente para um final de semana longe da cidade.
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Por ter essa pegada Cross Turismo, mais off-road, ele encara uma variedade maior de terrenos. A suspensão a ar tem altura regulável, desde opções voltadas para a pista, em que o carro fica colado ao chão, até opções que deixam um vão livre do solo maior, suficiente para passar em valetas e lombadas. Mesmo assim, é preciso tomar cuidado para não raspar o fundo, onde fica a bateria.
Para quem está disposto a gastar tanto em uma perua luxuosa, que pode ficar ainda mais cara com a enorme variedade de opcionais, o destino não é tão importante quanto a própria jornada. Dirigir é um prazer, especialmente na estrada. A resposta do motor é instantânea, há uma enorme sensação de segurança tanto nas curvas quanto nas frenagens e o vão livre em relação ao solo, aliada à suspensão confortável, dá tranquilidade em terrenos menos ideais. É claro que fora do ambiente controlado das pistas toda a sua potência raramente será usada, mas é ótimo saber que, se for preciso, ele entrega muito. Até o ronco do motor, algo que os fabricantes de carros elétricos vem quebrando a cabeça para reproduzir, pode ser acionado no painel de instrumentos. Parece mais uma nave espacial que um motor à combustão, mas é divertido.
É, obviamente, um carro para um nicho muito específico de consumidor, tanto pelo valor quanto pelo interesse nas peruas, algo raro hoje. O portfólio da Porsche tem ainda o Panamera Sport Turismo, outra perua, que será descontinuada na Europa por conta da baixa procura. O que é uma pena, pois são modelos repletos de boas soluções.
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