A partir desta quinta-feira, 17 de junho, o Museu de Serralves, na cidade do Porto, recebe uma exposição imperdível da artista sul-africana Zanele Muholi. Reconhecida internacionalmente por seu trabalho fotográfico, Muholi traz para o público português uma série de retratos que têm como objetivo dar visibilidade à comunidade negra “queer”.
Nascida em Umlazi, na África do Sul, em 1972, Zanele Muholi é uma artista e “ativista visual” que utiliza sua arte como forma de resistência e luta pelos direitos da comunidade negra e LGBT+. Seu trabalho é marcado por uma abordagem íntima e sensível, que busca desconstruir estereótipos e representar a diversidade e a complexidade da identidade negra e queer.
A exposição em Serralves, intitulada “Zanele Muholi: Somnyama Ngonyama, Hail the Dark Lioness”, é composta por mais de 70 fotografias em preto e branco, nas quais a artista se retrata em diferentes personagens e situações. Em uma delas, por exemplo, Muholi aparece com o rosto coberto por uma máscara de látex, em uma referência às máscaras utilizadas em rituais africanos. Em outra, a artista se transforma em um ser híbrido, com cabeça de cabra e corpo humano.
Além dessas autorretratos, a exposição também inclui retratos de pessoas da comunidade negra queer, captados pela artista durante sua visita ao Porto em 2019. Esses retratos foram feitos em parceria com a associação LGBT+ portuguesa, ILGA, e têm como propósito dar visibilidade e reconhecimento a essas pessoas que muitas vezes são marginalizadas e invisibilizadas pela sociedade.
Para Zanele Muholi, a fotografia é uma ferramenta poderosa para denunciar as desigualdades sociais e promover a representatividade de minorias. Em uma entrevista, a artista afirmou: “Eu uso a fotografia como uma forma de documentar a vida das pessoas negras queer, porque é importante que nossa história seja registrada e não esquecida”.
A exposição também traz um caráter político e ativista, ao abordar questões como racismo, homofobia e transfobia. O título da mostra, “Somnyama Ngonyama”, que significa “Hail the Dark Lioness” em zulu, é uma referência à luta pela liberdade e igualdade da comunidade negra. A palavra “somnyama” é frequentemente utilizada como um termo pejorativo na África do Sul, mas Muholi a ressignifica e a transforma em um grito de empoderamento e resistência.
Além da exposição, Zanele Muholi também ministrará uma masterclass no dia 17 de junho, onde compartilhará sua experiência e sua visão de mundo com o público português. A artista também é conhecida por seu ativismo e engajamento em projetos sociais, como a organização “Inkanyiso”, que busca promover a inclusão e a igualdade por meio da arte.
Não é a primeira vez que o trabalho de Zanele Muholi é exposto em Portugal. Em 2015, a artista participou da Bienal de Veneza com a exposição “Love and Loss”, que trouxe uma série de retratos de casais lésbicos negros. No mesmo ano, suas obras também foram expostas na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Com sua arte, Zanele Muholi convida o espectador a refletir sobre questões urgentes e necessárias, como a representatividade e a diversidade. Seus retratos não apenas retratam corpos e rostos, mas também histó