Uma peça de teatro que desafiou a censura do Estado Novo em 1969, em Coimbra, será reeditada na quinta-feira, dia 27 de março, no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), para celebrar o Dia Mundial do Teatro. Esta iniciativa é uma homenagem à coragem e resistência dos artistas que lutaram pela liberdade de expressão durante o regime ditatorial em Portugal.
A peça em questão é “A Promessa”, escrita pelo dramaturgo e poeta português José Régio. A sua estreia em 1969 foi um marco na história do teatro português, pois foi a primeira vez que uma peça foi proibida pela censura antes mesmo de ser apresentada ao público. A razão para a proibição foi o conteúdo considerado subversivo e anti-regime.
No entanto, a peça foi aceite pela Comissão de Censura de Coimbra, que aprovou o texto sem qualquer alteração. Isso gerou uma grande expectativa e entusiasmo entre os artistas e o público, que aguardavam ansiosamente pela estreia. No entanto, a censura do Estado Novo interveio e proibiu a peça, alegando que ela poderia “perturbar a ordem pública”.
A proibição causou indignação e revolta entre os artistas e intelectuais de Coimbra, que organizaram uma manifestação pacífica em frente ao TAGV, exigindo a liberação da peça. A manifestação foi reprimida pela polícia, mas a mensagem de resistência e luta pela liberdade foi transmitida.
Agora, 50 anos depois, “A Promessa” será finalmente apresentada ao público no mesmo local onde foi proibida. A reedição da peça é uma forma de honrar a memória dos artistas que enfrentaram a censura e a repressão do regime ditatorial. Além disso, é uma oportunidade para refletir sobre a importância da liberdade de expressão e da arte como forma de resistência e transformação social.
O diretor do TAGV, Fernando Matos Oliveira, destaca a relevância da peça nos dias de hoje: “A Promessa é uma peça atemporal, que aborda questões universais como a liberdade, a justiça e a ética. É um grito de resistência contra a opressão e a injustiça, que continua a ser atual e necessário nos dias de hoje”.
A reedição de “A Promessa” contará com a encenação de João Maria André e um elenco composto por alunos da Escola da Noite, uma companhia de teatro de Coimbra. A escolha dos jovens atores é uma forma de dar continuidade à mensagem de luta e resistência transmitida pela peça originalmente.
Além da apresentação da peça, o TAGV também irá promover um debate sobre a censura e a liberdade de expressão no teatro, com a participação de artistas e intelectuais que viveram durante o regime ditatorial em Portugal. O objetivo é sensibilizar o público sobre a importância da liberdade de expressão e da arte como forma de resistência e transformação social.
A reedição de “A Promessa” é um evento imperdível para todos aqueles que valorizam a liberdade e a arte como instrumentos de mudança e evolução. É uma oportunidade única de reviver um momento histórico e refletir sobre os desafios enfrentados pelos artistas e a importância da liberdade de expressão na sociedade.
No Dia Mundial do Teatro, vamos celebrar a coragem e a resistência dos artistas que lutaram pela liberdade de expressão e inspiraram gerações futuras a continuarem a lutar por um mundo mais justo e livre. Não perca a oportunidade de assistir a esta reedi