O governo de Alagoas alertou para um “risco iminente de colapso” numa mina da Braskem na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange, em Maceió. De acordo com a administração estadual, “há previsão de crateras em bairros centrais a qualquer momento”. A preocupação foi mostrada em um documento enviado ao mercado financeiro local. No texto, o governo acusa a empresa petroquímica e classifica o caso como “maior crime ambiental urbano do mundo”. “O Estado reitera a sua posição irredutível em defesa dos interesses de Alagoas, dos municípios da região metropolitana de Maceió e de cerca de 150 mil vítimas do maior crime ambiental urbano do mundo, provocado pela petroquímica, que vem sendo acompanhado pelo Grupo de Trabalho de Combate ao Crime da Braskem”, afirma. “As consequências deste megadesastre estão longe de uma solução, como se vê com o colapso das minas de sal-gema. O Governo de Alagoas já demonstrou a existência de um passivo em torno de R$ 30 bilhões da petroquímica, conforme estudo recém-concluído”, acrescenta a nota.
Presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB) declarou nesta quinta-feira, 30, que enviou os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e Renan Filho (Transportes) a acompanharem a situação. “Os ministros Renan e Wellington já estão na capital alagoana com uma equipe de técnicos para monitoramento. Representantes da Defesa Civil Nacional e do Serviço Geológico do Brasil também chegaram ontem à capital alagoana. Ontem, a prefeitura de Maceió decretou estado de emergência por 180 dias pelo risco de colapso. Estamos atentos e de prontidão para as ações que forem necessárias e ajudar no que for preciso”, declarou Alckmin.
Mais cedo, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), se reuniu com deputados federais para tratar do risco iminente de colapso na mina. “Não vou me omitir como outras gestões fizeram, que nunca sentaram para resolver a irresponsabilidade da Braskem, e perto das eleições sentaram juntos para fazer politicagem. O que posso fazer daqui para frente estou fazendo, porque aqui não tem sentimento partidário, mas sim a nobreza de ajudar e socorrer as pessoas que estão precisando. A minha parte enquanto gestor eu vou fazer, e tenho certeza que vou contar com o apoio do governo federal, governo estadual e com as instituições sérias do nosso país”, disse. Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL) esteve no encontro e afirmou que o foco é salvar vidas. “Fomos informados pela Prefeitura sobre a situação e prontamente entramos em contato com os órgãos federais que podem prestar socorro para estados e municípios em situações como essa. Entramos em contato com o presidente para incluir Maceió num plano de contigẽncia com novas habitações. E agora o foco é fazer acompanhamento e preservar vidas. Quem tiver de pagar pelo errado, pagará. Estamos trabalhando para tudo que possa vir acontecer”, declarou o parlamentar.
Por causa do risco iminente, o prefeito de Maceió instalou um Gabinete de Enfrentamento de Crise composto por 16 órgãos municipais e decretou estado de emergência de 180 dias. Entre as ações, a administração municipal está retirando preventivamente as famílias das áreas de risco, nas regiões do Mutange e Bom Parto. A Secretaria Municipal de Educação (Semed) comunicou que seis escolas estão recebendo essas famílias, enquanto outras três unidades escolares estão de “sobreaviso”. Secretária de Educação de Maceió, Jó Pereira contou que, além das unidades escolares, a Semed também disponibilizou 50 ônibus e quatro caminhões de sua estrutura para atender às demandas da Defesa Civil de Maceió. A retirada de pessoas atende a uma determinação da Justiça Federal.
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