O cometa 3I/ATLAS, também conhecido como C/2019 Y4, foi descoberto em dezembro de 2019 pelos astrônomos amadores Quanzhi Ye e Qicheng Zhang. Sua trajetória incomum e brilho intenso chamaram a atenção dos cientistas e do público em geral. No entanto, recentemente, uma propriedade peculiar do cometa tem gerado discussões e especulações: a presença de níquel atômico sem ferro.
Essa descoberta levantou a questão: será que o cometa 3I/ATLAS é uma tecnologia alienígena? Para responder a essa pergunta, conversamos com o astrofísico Dr. Michael F. A’Hearn, professor emérito da Universidade de Maryland e um dos principais especialistas em cometas.
De acordo com o Dr. A’Hearn, o cometa 3I/ATLAS não é uma tecnologia alienígena, mas sim um visitante interestelar comum. “A presença de níquel atômico sem ferro é uma propriedade natural e não é evidência de tecnologia alienígena”, explica o astrofísico.
Mas o que exatamente é o níquel atômico sem ferro e por que essa propriedade é importante? Segundo o Dr. A’Hearn, o níquel atômico é uma forma de níquel que não está ligada a outros átomos, ou seja, não está presente em moléculas. Já o ferro é um elemento químico comumente encontrado nos cometas e em outros corpos celestes.
“A presença de ferro em cometas é bem conhecida e é resultado de processos naturais, como a formação do Sistema Solar. Mas a ausência de ferro e a presença de níquel atômico não são incomuns em cometas”, explica o astrofísico.
De acordo com o Dr. A’Hearn, o níquel atômico sem ferro pode ser formado a partir da interação entre o cometa e a radiação solar. “Quando um cometa se aproxima do Sol, sua superfície é aquecida e isso pode levar à formação de níquel atômico sem ferro. Esse processo é natural e não requer tecnologia alienígena”, afirma o astrofísico.
Além disso, o Dr. A’Hearn ressalta que o níquel atômico sem ferro não é exclusivo do cometa 3I/ATLAS. “Outros cometas, como o Hale-Bopp e o Hyakutake, também apresentaram essa propriedade em suas caudas. Isso mostra que é um fenômeno comum e não uma evidência de tecnologia alienígena”, esclarece o astrofísico.
Mas por que essa descoberta gerou tanta especulação sobre tecnologia alienígena? Segundo o Dr. A’Hearn, isso pode ser explicado pelo fato de que estamos sempre em busca de vida fora da Terra e, muitas vezes, tendemos a interpretar fenômenos naturais como possíveis evidências de vida extraterrestre.
“É compreensível que as pessoas se sintam empolgadas com a ideia de encontrar vida em outros planetas ou corpos celestes. Mas é importante lembrar que a ciência é baseada em evidências e não em especulações. Devemos ser cautelosos antes de tirar conclusões precipitadas”, afirma o astrofísico.
O cometa 3I/ATLAS é um visitante interestelar, ou seja, ele veio de fora do nosso Sistema Solar e está apenas de passagem. Sua trajetória é bastante incomum, pois ele se aproxima do Sol em uma órbita bastante alongada, o que pode explicar sua intensa atividade e brilho. No entanto, isso não significa que ele seja uma tecnologia alienígena.
O Dr. A’Hearn