A morte de um jornalista é sempre uma perda irreparável para a sociedade. E quando isso acontece de forma trágica e injusta, a dor é ainda maior. Foi o que aconteceu com o jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante a ditadura militar no Brasil. Mas, finalmente, depois de mais de quatro décadas, sua família recebeu uma importante reparação.
Nesta quinta-feira (26), um ato histórico foi realizado na sede do Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo. Foi assinado um acordo de indenização à família do jornalista, que foi torturado e morto nas dependências do DOI-CODI, órgão de repressão do regime militar. O acordo foi celebrado com a União, o Estado de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo, representados pelos Ministérios da Defesa, da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos, respectivamente.
O ato contou com a presença de familiares de Herzog, como sua viúva, Clarice Herzog, e seus filhos, Ivo e André Herzog. Também estavam presentes representantes do Instituto Vladimir Herzog, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Comissão de Anistia e de diversas entidades de defesa dos direitos humanos.
Para Clarice Herzog, a assinatura do acordo é um momento de justiça e de reconhecimento do Estado brasileiro. “É uma reparação histórica para nós, familiares, e para todos que lutam pela democracia e pelos direitos humanos”, afirmou emocionada. Ela também destacou a importância da luta pela verdade e pela memória em um país que ainda enfrenta desafios em relação aos direitos humanos.
O acordo prevê o pagamento de uma indenização no valor de 1,1 milhão de reais aos familiares de Herzog, além da declaração de anistia política e da inclusão do nome do jornalista no Livro dos Heróis da Pátria, em Brasília. Também será criado um Memorial Vladimir Herzog no prédio do antigo DOI-CODI, onde hoje funciona o 36º Batalhão da Polícia Militar, em São Paulo.
O presidente da OAB, Claudio Lamachia, ressaltou que o acordo é um marco importante para a história do Brasil e um exemplo de reparação para outras vítimas da ditadura militar. “Não se trata de uma questão apenas de valores financeiros, mas de reparação moral e reconhecimento da verdade”, afirmou. Ele também destacou a importância de se preservar a memória e a história para que erros do passado não se repitam no futuro.
O presidente do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, agradeceu a todos os envolvidos na luta pela reparação e destacou o papel da imprensa livre e da democracia na construção de um país melhor. “Meu pai sempre lutou pela liberdade de expressão e pela verdade. Foi isso que o levou à morte, mas também é o que nos motiva a continuar lutando até hoje”, afirmou.
O acordo de indenização à família de Herzog é uma vitória para todos aqueles que lutam pela justiça e pelos direitos humanos. É um passo importante para a construção de um país mais justo e democrático, onde a liberdade de expressão e a verdade prevaleçam. Que a memória de Vladimir Herzog e de tantos outros que lutaram pela democracia continue viva e sirva de inspiração para as futuras gerações.