A violência contra as mulheres é um problema global que tem sido discutido e combatido há décadas. No entanto, mesmo com todos os avanços e esforços, ainda é uma realidade presente em nossas sociedades. Mas qual é a raiz desse ódio e violência contra as mulheres? A socióloga Isabelle Anchieta tem uma resposta: a frustração sexual.
Em uma entrevista recente, a socióloga brasileira Isabelle Anchieta explicou que o ódio contra as mulheres é baseado em uma frustração sexual profunda. Segundo ela, essa frustração é causada pela ideia de que as mulheres são vistas como objetos sexuais e, quando não correspondem às expectativas masculinas, são alvo de violência e ódio.
Anchieta, que é especialista em gênero e violência contra as mulheres, afirma que essa frustração sexual é alimentada pela cultura machista e patriarcal em que vivemos. Desde cedo, meninos são ensinados a ver as mulheres como inferiores e objetos de desejo, enquanto as meninas são ensinadas a serem submissas e agradar aos homens. Essa dinâmica cria uma expectativa irreal de que as mulheres devem estar sempre disponíveis para satisfazer os desejos masculinos.
No entanto, quando as mulheres não se encaixam nesse papel, seja por escolha própria ou por não corresponderem aos padrões de beleza impostos pela sociedade, elas se tornam alvo de ódio e violência. Isso é evidenciado em casos de estupro, assédio sexual, violência doméstica e feminicídio, que são formas extremas de expressar essa frustração sexual.
Além disso, Anchieta destaca que a cultura do estupro, em que a culpa é sempre atribuída à vítima, também contribui para a perpetuação desse ódio contra as mulheres. Ao invés de responsabilizar os agressores, a sociedade muitas vezes culpa as mulheres por serem vítimas de violência sexual, reforçando a ideia de que elas são meros objetos de desejo e não têm controle sobre seus corpos.
A socióloga também aponta que a pornografia e a objetificação das mulheres na mídia contribuem para a perpetuação dessa cultura de ódio. A pornografia, em particular, cria uma visão distorcida e irreal do sexo, em que as mulheres são retratadas como meros objetos de prazer masculino. Isso alimenta a ideia de que as mulheres existem apenas para satisfazer os desejos sexuais dos homens, e quando isso não acontece, a frustração e o ódio podem surgir.
É importante ressaltar que a frustração sexual não é uma justificativa para a violência contra as mulheres. Nenhuma mulher merece ser agredida ou morta por não corresponder às expectativas masculinas. É preciso desconstruir essa cultura machista e patriarcal que coloca as mulheres em uma posição de submissão e inferioridade.
Para isso, é fundamental promover a educação de gênero desde cedo, ensinando meninos e meninas sobre igualdade e respeito mútuo. Além disso, é necessário combater a cultura do estupro e responsabilizar os agressores, em vez de culpar as vítimas. A mídia também tem um papel importante, devendo retratar as mulheres de forma mais diversa e respeitosa, em vez de perpetuar estereótipos e objetificação.
Em resumo, a socióloga Isabelle Anchieta nos alerta para a importância de entendermos a raiz do ódio contra as mulheres. A frustração sexual é apenas uma das facetas de uma cultura machista e patriarcal que precisa ser desconstruída. É preciso promover a igualdade de gênero e o respeito às mulheres para que possamos construir uma sociedade mais justa e segura para todas.