Os norte-americanos, que criaram uma coligação militar para proteger o tráfego marítimo na região, estão a realizar “consultas intensivas com [os seus] aliados e parceiros” sobre como responder a estes ataques, adiantou Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
“Não temos motivos para acreditar que o Irão esteja a tentar dissuadir os houthis de continuarem com as suas ações irresponsáveis”, salientou, em comunicado.
“O apoio iraniano aos houthis é sólido e traduz-se em entregas de equipamento militar sofisticado, transmissão de informações, ajuda financeira e treino”, frisou ainda a prota-voz, detalhando que, no entanto, Teerão “delega decisões operacionais aos houthis”.
Sem a ajuda do Irão, os rebeldes iemenitas “teriam dificuldade em localizar e atacar” os barcos que circulam no mar Vermelho, apontou.
O Conselho de Segurança Nacional divulgou também alguns exemplos para sustentar estas acusações, como a observação dos serviços secretos norte-americanos de “características quase idênticas” entre os ‘drones’ iranianos do modelo KAS-04 (ou Samad-3) e aqueles utilizados pelos houthis este outono.
Washington também revelou que, em 27 de novembro, rebeldes iemenitas lançaram mísseis balísticos de conceção iraniana, que caíram perto de um navio de guerra norte-americano.
Segundo o Wall Street Journal, os rebeldes estão a utilizar informações fornecidas em tempo real por um navio espião ligado ao regime iraniano.
Esta onda de ataques, realizados com ‘drones’ e mísseis contra navios que os houthis acreditam estar “ligados a Israel”, ameaça perturbar o comércio global e as principais empresas de transporte marítimo desistiram, por agora, de utilizar o estreito de Bab el-Mandeb.
Os houthis, que controlam grande parte do Iémen mas não são reconhecidos pela comunidade internacional, garantem que continuarão as ofensivas até que alimentos e medicamentos suficientes entrem na Faixa de Gaza, o território palestiniano bombardeado e sitiado por Israel, em retaliação ao ataque sem precedentes do movimento islamita Hamas em 07 de outubro em território israelita.
O Irão admite o seu apoio político aos houthis, em guerra desde 2014 contra o governo iemenita reconhecido pela comunidade internacional, mas nega fornecer equipamento militar aos rebeldes.
Norte-americanos e aliados têm questionado o grau de entendimento operacional entre o regime iraniano e os houthis, sem serem capazes de determinar até que ponto o grupo rebelde está a agir ou não em nome de Teerão.
“De todos os grupos próximos do Irão na região, os houthis têm a ligação mais fraca com Teerão. E é difícil ver como os seus ataques servem os seus interesses ou os do Irão”, referiu, recentemente, um diplomata de um país aliado dos Estados Unidos.
O Presidente dos EUA Joe Biden, que quer evitar uma propagação regional do conflito entre Israel e o Hamas no Médio Oriente, optou até agora pela dissuasão, em particular através do envio de navios de guerra para a região.
Vários meios de comunicação norte-americanos noticiaram, no entanto, que Biden está a considerar lançar ataques diretos contra os houthis.
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