O opositor russo Alexei Navalny, que esteve em paradeiro desconhecido durante quase três semanas, foi localizado numa colónia penal perto da cordilheira dos Urais, no Ártico. O próprio já afirmou, através dos seus advogados, que “está bem”.
Eis tudo o que se sabe sobre a nova prisão:
Localizada a quase dois mil quilómetros de Moscovo, a norte do Círculo Polar Ártico, a Colónia Penal Número 3 (IK-3) está localizada entre centenas de quilómetros de tundra, na pequena cidade de Kharp. É também conhecida como “Lobo Polar”.
Foi fundada no início da década de 1960 num ‘gulag’, os antigos campos de concentração soviéticos, e tem capacidade para quase mil reclusos. De acordo com a imprensa internacional, no inverno, as temperaturas nunca ultrapassam os 10 graus negativos e a luz do sol não dura mais do que duas horas.
Segundo um dos seus aliados, Ivan Zhdanov, da Fundação Anticorrupção de Navalny, a IK-3 é “uma das colónias mais setentrionais e mais remotas” da Rússia e as condições no local são “muito difíceis”.
Já o meio de comunicação independente russo Vyorstka adianou que os prisioneiros desta colónia penal são vítimas de abuso, não recebem roupas e bens essenciais e são frequentemente agredidos.
“Quando os prisioneiros entram na colónia, são levados para banhos públicos. Quando uma pessoa tira a roupa e se vai lavar, fecham a água e outras pessoas mascaradas entram e começam a bater-lhe. Comigo durou cerca de meia hora. Eram cerca de 15 pessoas, entre guardas e funcionários”, contou um dos prisioneiros ao site Life, citado pelo jornal francês Le Figaro.
Acusado de extremismo, segundo a sentença do tribunal, Navalny deve cumprir a sua pena numa colónia de “regime especial”, uma categoria de estabelecimentos onde as condições de detenção são as mais duras e que são normalmente reservadas a presos a cumprir pena de prisão perpétua e aos detidos mais perigosos.
Uma das colónias de “regime especial” situa-se precisamente em Kharp, a colónia número 18, ou “Coruja Polar”.
Os serviços penitenciários russos admitiram, em 15 de dezembro, que Navalny tinha sido transferido da cadeia de Vladimir, onde cumpria pena desde junho de 2022, mas não precisaram o seu novo destino.
Os advogados do opositor, sentenciado a 30 anos de prisão, não tinham contacto com o seu cliente desde 5 de dezembro e os seus colaboradores lançaram a campanha mundial “Onde está Navalny?”.
Em 7 de dezembro, Navalny apelou da cadeia ao voto contra Putin nas eleições de 17 de março próximo.
Sublinhe-se que o opositor russo estava a cumprir pena em liberdade condicional após ter sido acusado de fraude – uma acusação que diz ter sido fabricada – quando foi envenenado com um agente neurotóxico do tipo Novitchok, em agosto de 2020.
Após aquela que considera ser uma tentativa de assassinato por parte do Kremlin, o opositor de 47 anos foi transferido, a pedido da mulher, da Sibéria para a Alemanha para recuperar. Foi detido ao voltar para a Rússia, a 17 de janeiro de 2021.
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